terça-feira, 27 de setembro de 2011

Fantoche

   Aos poucos idealizaram seu futuro, planejaram cada passo seu cuidadosamente, mediram suas palavras e lhe forçaram a engolir suas criticas. No início, ela protestou, mas logo começou a ceder; a algema ruiu sobre seus pulsos, a mordaça já estava em sua boca. Fora marcado o seu destino. As cordas lhe ergueram e seu corpo já se movia conforme eles comandavam. Aos poucos, seu sorriso se desfez e cada passo seu era inventado, a cada direção ela era empurrada sem ao menos estar ciente. Sua vida estava marcada, sua rotina, seu futuro e suas opiniões eram todas pré programadas. E em algum momento, ela fora obrigada a idolatrar a alguém que nem ao menos existia, fora jogada contra algo que abominava e lhe fazia desmoronar aos poucos. E deste então, o rancor começou a brotar em seu peito, a raiva há muito tempo contida já começava a transbordar. A angustia e o ódio lhe dominavam e, em um surto, as algemas ela arrancou, as correntes em volta de seu pescoço foram quebradas e as cordas já não eram suficientes pra lhe domesticarem. Ela já não era mais um fantoche daqueles que pensavam ser seus proprietários. Um pouco tarde talvez, mas um enfim ela se libertou.

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