terça-feira, 27 de setembro de 2011

Fantoche

   Aos poucos idealizaram seu futuro, planejaram cada passo seu cuidadosamente, mediram suas palavras e lhe forçaram a engolir suas criticas. No início, ela protestou, mas logo começou a ceder; a algema ruiu sobre seus pulsos, a mordaça já estava em sua boca. Fora marcado o seu destino. As cordas lhe ergueram e seu corpo já se movia conforme eles comandavam. Aos poucos, seu sorriso se desfez e cada passo seu era inventado, a cada direção ela era empurrada sem ao menos estar ciente. Sua vida estava marcada, sua rotina, seu futuro e suas opiniões eram todas pré programadas. E em algum momento, ela fora obrigada a idolatrar a alguém que nem ao menos existia, fora jogada contra algo que abominava e lhe fazia desmoronar aos poucos. E deste então, o rancor começou a brotar em seu peito, a raiva há muito tempo contida já começava a transbordar. A angustia e o ódio lhe dominavam e, em um surto, as algemas ela arrancou, as correntes em volta de seu pescoço foram quebradas e as cordas já não eram suficientes pra lhe domesticarem. Ela já não era mais um fantoche daqueles que pensavam ser seus proprietários. Um pouco tarde talvez, mas um enfim ela se libertou.

domingo, 25 de setembro de 2011

Não preciso de telespectadores

 Não sou do tipo que faz da própria dor um espetáculo; não preciso de telespectadores. Muito menos tenho a pretensão de exibir minha melhor cena de drama, desejando em silêncio, que alguém venha me encobrir com sua solidariedade falsa. Não espero que meu silêncio ecoe mais que seus berros, que atraiam qualquer atenção pra uma dor remotamente exagerada. Não quero o papel principal de garota sofrida, de garota experiente, que pensa que por todas as situações já passou. Não quero inventar um personagem pra me sentir menos miserável. Quero apenas o gosto da minha própria solidão, da minha própria vidinha desprovida de grandes feitos e que não exige personagens pra aliviar qualquer frustração passageira.                                                                                                                         

quarta-feira, 21 de setembro de 2011

Crying

 Eu dizia a elas para saírem, para escorrerem por minha face e assim, com alguma sorte, levarem embora toda dor. Mas, como se quisessem me mostrar que eu merecia tudo aquilo, que eu merecia cada gota não derramada de agonia, elas teimavam em não me obedecer. O maldito nó na garganta parecia me sufocar aos poucos, a cada respiração ele estava ali, me apunhalando aos poucos, me mostrando que nada estava certo. Vontade aquela que eu tinha de arrancar aquilo que me dilacerava o peito, que tirava toda a minha paz e me despedaçava aos poucos. O engraçado era que a minha volta, ninguém parecia perceber o dilúvio de emoções que ocorria dentro de mim. E então, mais uma vez pus meu melhor sorriso no rosto e fingi que, por dentro, eu não estava despedaçada. Sorri, acenei e falei mais uma vez que estava tudo bem.

segunda-feira, 19 de setembro de 2011

Os forcei a adormecer

  Os forcei a adormecer, a se silenciarem dentro de mim. Entretanto, eu sabia que não seria para sempre, eles ainda estavam ali. Quietos, porém assistindo cada passo meu, apenas esperando, esperando o momento certo para voltarem a me aterrorizar. Meus monstros, meus fantasmas, meus fracassos e minhas dores passadas... Ninguém ousaria dizer que eles não existiam, eles estavam ali, bem próximos, dentro da minha mente e em cada lembrança minha. Eles eram meus antigos erros, minhas mais profundas covardias e meus piores  temores, que ainda voltariam a me sufocar e me trazer a loucura.
                                                                                                                      

quinta-feira, 15 de setembro de 2011

Um dia ainda


Um dia ainda olharei para trás com lágrimas nos olhos, me arrependerei de milhares de coisas, desejarei poder voltar no tempo, ter sido mais madura, ter aproveitado mais; um dia ainda chorarei em silêncio, ainda rirei sozinha, ainda sentirei saudades por saber que por mais estúpido que tenha sido, valeu à pena.

Era uma vez...

Era uma vez uma garota cujos sonhos há tempo haviam sido arruinados. Uma garota de pensamentos gélidos e olhar vazio que desacreditava na vida. Nunca esteve em seu próprio reino, nunca estampou um sorriso sincero e nunca ninguém lhe salvou com um beijo. Porém, ninguém ousaria dizer que não era uma princesa... Princesa da dor talvez, dos sonhos perfurados e das lágrimas discretas. Por muito tempo, ela esperou ser acordada do seu devaneio, ser levada pra seu castelo e ter seu espírito curado. Mas infelizmente, ninguém nunca apareceu. Ela estava condenada. Condenada a sustentar seu olhar vazio, suas emoções mortas e seu sorriso inexistente. Sim, seu ‘felizes para sempre’ nunca chegaria.                            

Preciso

“Preciso destruir o muro a minha volta, me desfazer dessa velha armadura de mentiras, largar minha máscara de sorrisos falsos. Preciso esquecer tudo aquilo que já me encobriu, todas as imagens e calunias estúpidas que um dia já enganaram até a mim mesma.”